A ficha está caindo?
Ainda
criança sempre ouvia da minha mãe a insistência pra ir na igreja. Ela se
procupava com que eu tivesse uma educação religiosa e mantivesse uma comunhão
com os princípios evangélicos cristãos.
Acredito
que isto aconteceu e acontece ainda em muitas famílias no Brasil. E quando eu
na boa, dava alguma desculpa para não ir, porque às vezes tinha alguma
programação esportiva no domingo que me interessava, ela dizia que a igreja
iria ser arrebatada e se eu não estivesse lá, eu não seria arrebatado para o
céu.
Ficava
pensando como seria este arrebatamento... Será que uma nave espacial
dispararia um raio laser sobre o prédio da igreja, separando os tijolos e
estruturas que a interligassem com os outros prédios dos vizinhos e a
levantaria nos ares, flutuando, em direção à um compartimento secreto que se
abriria na nave espacial e a levaria para os céus, carregando todas as pessoas
dentro? Pensamentos de criança... hehe.
Bem mais
tarde, já na igreja por fé e convicção, descobri e aprendi que igreja não é
somente o prédio, templo, capela onde as reuniões, cultos, missas acontecem,
mas sobretudo e principalmente, são as pessoas que comungam a mesma fé e
esperança. A igreja é gente unida!
Da mesma
forma, o Brasil não é somente o que aprendemos nas aulas de educação moral e
cívica: não é somente o solo onde nascemos, pisamos, moramos, trabalhamos,
construimos nossas famílias e buscamos nossos sonhos de qualidade de vida;
Brasil na verdade são pessoas que falam a mesma língua, que querem ficar
juntas por afinidades várias, crenças, raças, orientações, necessidades,
objetivos e valores comuns. O Brasil é gente unida!
Mas
infelizmente esta não é e me parece, não tem sido a visão das
"instituições" ditas estáveis e preservadas no país. Sempre falam em
instituições, sempre buscam defender a estabilidade das instituições, sua
preservação, excluindo o povo disso. Se esquecem que as instituições são
figurantes e que o povo, gente, nós, somos os protagonistas no e do Brasil.
O
brasileiro é que tem que ser preservado, o pai de família, a mãe, filho,
estudante, trabalhador, advogado, vendedor, médico, enfermeiro, engenheiro,
motorista, militar, empresário, policial, professor e por ai vai... Mas estas
instituições que deveriam zelar pela qualidade de vida do brasileiro, têm na
verdade e há muito tempo zelado pelos seus próprios interesses e
conveniências.
Temos
assistido até agora à uma perversão de valores, ou seja, o brasileiro trabalha
e produz não mais para melhorar sua qualidade de vida, mas para sustentar
castas e corporações que colocam o brasileiro como servo. Pensa num condomínio
onde o porteiro ganha e vive melhor que o morador do prédio, onde ele é pago
para prestar serviço. E dessa forma os impostos extorsivos que pagamos tem
sido para manter estas instituições e seus funcionários em desfavor do
brasileiro.
A velha
ladainha - os impostos são para saúde, educação e segurança - não está
surtindo mais efeito, porque está em dissonância com a realidade. Qualquer
pessoa inteligente percebe que os serviços estão se deteriorando e os custos
sempre crescentes.
Mas esta
semana, parece, que o brasileiro resolveu dar uma primeira declaração de
"basta". A greve geral dos caminhoneiros, apoiada pela população em
geral, desencadeada a partir dos vários e recentes aumentos do óleo diesel que
inviabiliza o transporte rodoviário de cargas no país, somado ao custo do
IPVA, seguros, pedágios abusivos é uma clara sinalização que o limite da
paciência foi extrapolado. As instituições precisam entender que esta nova realidade não é brincadeira e veio para ficar.
Ninguém
entende porque a gasolina e o óleo diesel vendidos em Pedro Juan Cabalero,
cidade paraguaia na fronteira seca com o Brasil, nos postos da Petrobras, é
quase a metade do preço praticado no lado brasileiro pelos mesmos postos da
Petrobras. Claro que nossos irmãos paraguaios não estão vendendo combustíveis
com prejuízo, devem estar pagando bem menos que os donos de postos brasileiros
pagam na compra dos combustíveis e, mesmo acrescentando sua margem de lucro e
impostos, ainda conseguem praticar aquele preço bem menor que do lado
brasileiro.
Porque o
brasileiro tem que pagar mais caro pelo combustível produzido pela Petrobras e
o mesmo combustível é vendido pela metade do preço para outros países?
Basta.
Já é hora de repensarmos o tamanho destas instituições, seus custos e o real
resultado que trazem ao brasileiro.
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